IMR

 inscrição-memória-rasura (2014)

©2015 Fernanda Abdo

 teaser 1

 Teaser 2 

[English]

IMR is a multi-media performance (dance, music, video) and collaboration between dancers Dorothé Depeauw, Maya Dalinsky and the experimental music trio Infinito Menos (Mário Del Nunzio, Henrique Iwao and Matthias Koole).

The project is a common interest on behalf of all the participants for developing alternative forms of notation. We are interested in creating notation that takes into consideration the different interpretative potential that these different artistic disciplines can offer. In our first phase of research and creation, we agreed that a video-score is best-suited to cope with the hybridization of artistic fields. We used video to combine the gestures of playing musical instruments with diverse physical actions that can be used both musically and choreographically.

inscricao

[Portuguese]

Com a inscrição estende-se a memória. O objeto riscado, a cicatriz, a dor que volta de novo e de novo, a notação. Externaliza-se? Ao menos o gesto é retido de alguma forma. E isto: reduzido. Mas a redução permite reconduzir. Aos poucos esquecemos. A redução conduz. Traça um interior e um exterior. Selecionando, constrói pontes. O nó que em certos contextos é também um portal. Essa corda repleta de inscrições-amarras, cada qual uma articulação; no todo, uma canção, uma dança, alguns sons, reconstrução. Lembranças atualizando a memória.

Reinscrições na e da existência das coisas. Existir: insistir. São essas mediações entre o passado e o futuro que estão a permitir a realização do presente. Essas retenções. E irretenções. Lembremos da redução, mas também dos possíveis deslocamentos, dos saltos, transduções, traduções,   translações. A luz que a câmera capta, impressa, reescrita na luz que agora vaga, nos sons que se esvaem, nos movimentos que consomem seu próprio instante. Instanciações elaborando classes. Classe se dissolvendo em momentos, iterações inscrevendo também o instantâneo.Mas e o esquecimento, os desvios, os entremeios e entrecaminhos? Entre a terra e o céu, todo o mundo. Rasuras, deslocamentos, novos traçados, novos cortes no plano. É possível também estender o esquecimento, externalizá-lo? Estávamos dispostos a aprender a arte da disponibilidade. Guiados mecanicamente pela espiral iluminada das horas, do que foi esquecido nada se reteve. Depois, quando da impossibilidade, as escolhas entre muitos, a seleção. Retenções em demasia, mascaramento, quarteirões planejados e a infinidade de casas à distância, quadrados quase indistinguíveis. E o deserto (ao invés dos grãos de areia).

E os entremeios no deserto, as rotas, os fluxos, amontoados diversos. Mais adiante dúvidas, dilemas e a notação da incerteza, os deslocamentos e indefinições. A vontade de verticalizar o tempo, a criação de instâncias de verticalização. E os trajetos, ora traçados, ora traçados mas rasurados, ora repostos, ora criados, inventados. No labirinto da notação, um labirinto de notações.

Henrique Iwao

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